Agência PARLASUL (21/05/2025). Durante a II Sessão Especial do Parlamento do MERCOSUL, os aspectos ambientais do Acordo de Associação Biregional com a União Europeia geraram um debate plural entre parlamentares do bloco e a Subsecretária de Relações Exteriores da República Oriental do Uruguai, Valeria Csukasi.
As cláusulas relativas à sustentabilidade, rastreabilidade, desmatamento e descarbonização suscitaram posicionamentos diversos, refletindo tanto preocupações produtivas quanto compromissos globais.
A Parlamentar Greyce Elias (Brasil) afirmou que as exigências ambientais europeias devem considerar a realidade local. Nesse sentido, declarou que “as regras sobre desmonte estavam muito rígidas e com uma interpretação, ao nosso ver, irreal”. Elias também destacou que “o Brasil não alimenta apenas o seu povo, alimenta o mundo”, em defesa de um agronegócio que representa mais de 23% do PIB brasileiro. “Estamos falando de um PIB de mais de 2,7 trilhões de reais graças ao trabalho do agronegócio no Brasil.”
Na mesma linha, o Parlamentar brasileiro Bohn Gass alertou para o risco de aceitar uma abordagem desequilibrada: “temos que mostrar que não vamos nos submeter a essa lógica”, referindo-se às pressões globais. A esse respeito, o parlamentar propôs o fortalecimento do capítulo ambiental do tratado e lembrou que o Brasil será sede da COP30: “Nosso país está comprometido com a descarbonização e o desenvolvimento sustentável”.
Por sua vez, a Parlamentar Cecilia Nicolini (Argentina) propôs aproveitar o acordo com a União Europeia como uma oportunidade para reativar políticas de mitigação climática e rastreabilidade na Argentina. Também declarou que o acordo poderia impulsionar políticas climáticas por meio da cooperação internacional: “deve ser uma oportunidade para que os fundos postergados em mitigação e adaptação às mudanças climáticas possam avançar”.
Por fim, a Parlamentar argentina Lilia Puig alertou sobre o viés informativo dos interlocutores europeus: “os parlamentares europeus não tinham informações completas nem precisas. Existem muitos preconceitos”. Ela também exigiu uma posição soberana e regional: “Devemos defender uma narrativa multilateral, com salvaguardas, mas também com soberania ambiental do MERCOSUL”.
Cabe destacar que, em junho, uma Delegação de Parlamentares do MERCOSUL viajará a Estrasburgo, sede oficial do Parlamento Europeu, onde se reunirão com eurodeputados para continuar a construção de consensos biregionais sobre o futuro do acordo. Esses encontros demonstram que o debate ambiental não apenas reflete divergências, mas também o compromisso do MERCOSUL com uma agenda global que inclua justiça climática, equidade produtiva e sustentabilidade.