Agência PARLASUL (10/06/25). Nesta segunda-feira, 9 de junho, o Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL) realizou sua terceira Sessão Especial, presidida pelo Parlamentar Arlindo Chinaglia (Brasil), focada inteiramente na Questão das Malvinas, reafirmando sua importância como causa comum para a região.
Ao longo do dia, ex-combatentes e especialistas em direito internacional, história e relações exteriores compartilharam suas visões e depoimentos sobre o conflito do Atlântico Sul, abordando suas implicações humanas, jurídicas e diplomáticas. Foi um espaço plural e comprometido, com memória ativa, vocação democrática e firme defesa da soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas.
O Presidente do PARLASUL, Arlindo Chinaglia, parabenizou a delegação argentina pela iniciativa e passou a presidência da Sessão ao Vice-Presidente pela Argentina, Gustavo Arrieta, que afirmou que "a causa das Malvinas é uma das reivindicações mais fortes, profundas e consensuais da política externa e interna argentina (...) mas, para além do âmbito nacional, a questão das Malvinas tornou-se também uma causa regional, com o apoio constante e explícito do MERCOSUL".
O Parlamentar argentino também observou que o MERCOSUL tem rejeitado reiteradamente a exploração unilateral de recursos naturais pelo Reino Unido na zona disputada e condenado os exercícios militares britânicos no Atlântico Sul. Portanto, ele sustenta que a causa das Malvinas no MERCOSUL não é apenas uma questão de política externa, mas também de visão estratégica e de construção de um bloco sul-americano mais forte, unido e soberano.
Entre os palestrantes, Juan Augusto Rattenbach, advogado e assessor de conteúdo do Museu das Malvinas e Ilhas do Atlântico Sul, falou sobre o respaldo internacional e a legalidade da reivindicação argentina: "Graças à persistência diplomática da Argentina, a histórica Resolução 2065 da ONU foi aprovada em 1965, reconhecendo a disputa pela soberania e apelando à retomada das negociações com o Reino Unido."
Ele também alertou sobre os riscos geopolíticos e ambientais no Atlântico Sul, observando que "hoje, a ocupação britânica abrange uma vasta zona marítima e uma militarização preocupante. Recursos como a pesca e os hidrocarbonetos estão sendo explorados unilateralmente, em violação ao direito internacional."
Por outro lado, Ernesto Adrián Lofer, Juiz do Tribunal Superior de Justiça da Terra do Fogo, explicou o valor do precedente internacional. "O Reino Unido devolveu a soberania do Arquipélago de Chagos à República das Maurícias, após uma decisão favorável da Corte Internacional de Justiça e do Tribunal Internacional do Direito do Mar", afirmou Lofer.
Lofer ainda destacou diversas semelhanças entre esses casos: “Existem fortes paralelos entre Chagos e as Ilhas Malvinas. Não apenas histórica e legalmente, mas também no caminho percorrido pelas Nações Unidas. A Resolução 2066 (Chagos) foi aprovada minutos depois da Resolução 2065 (Malvinas), que ordena que a Argentina e o Reino Unido negociem a soberania.” Sobre o papel do MERCOSUL e da comunidade internacional, ele observou que “a União Africana desempenhou um papel fundamental no caso Chagos. O MERCOSUL poderia desempenhar um papel semelhante, fortalecendo o apoio regional à causa das Ilhas Malvinas. Já em 2019, este Parlamento expressou apoio à decisão da Corte em favor de Maurício.”
Por fim, o Deputado Nacional Argentino e veterano das Ilhas Malvinas, Aldo Leiva, prestou um depoimento emocionado e político, relembrando sua experiência como veterano da Guerra das Malvinas. “Sou um homem do interior, nascido em Paraje Buena Vista, na província do Chaco, de origem humilde (...) naquela época, a carreira militar era vista como uma oportunidade de trabalho para jovens do interior com poucas oportunidades. Foi assim que servi no 4º Regimento de Montecaseros, em Corrientes”, explicou Leiva.
Por fim, refletiu sobre sua trajetória pessoal, como exemplo das consequências do conflito: “Não sou especialista em geopolítica, mas falo a partir da minha história e da memória viva dos soldados que ali lutaram. Nossa voz faz parte dessa causa, porque somos protagonistas da legítima reivindicação das Ilhas Malvinas.”