O parlamentar uruguaio Pablo Iturralde demonstrou, na XIII Sessão Plenária do Parlamento do MERCOSUL, sua insatisfação com o estreitamento das relações entre Argentina e Brasil. Em seu discurso o parlamentar disse que Uruguai e Paraguai não foram convidados a participar das reuniões entre os outros dois Estados Partes do bloco. “Não pretendo exercer a advocacia, já que o Poder Executivo é o que conduz a política exterior, mas simplesmente quero fazer ouvir uma voz de alerta sobre um fato que entendemos provoca uma perigosa bilateralização do MERCOSUR”, destacou.
Para Iturralde o diálogo sobre os caminhos até uma moeda comum ou até uma convergência monetária não deve ser unicamente entre os dos maiores países da região. “Se entendemos o processo do MERCOSUL e a unidade da América Latina como uma meta, como um avanço do processo de integração do MERCOSUL, não podemos aceitar calados essas coisas”, defendeu.
O parlamentar uruguaio disse que acredita no processo de integração da região, mas destacou que este deve ser feito entre todos os países do bloco. “Não queremos que o caminho do MERCOSUL seja um processo bilateral no qual exista uma vanguarda fixada por um grande país acompanhado por outro país grande. Entendemos que são processos nos quais todos devemos participar e dar nossos pontos de vista legítimos”.
Pablo Iturralde disse que deseja um avanço até a criação de um espaço no qual os Estados nacionais tenham uma presença, e que por conseqüência exista algo que seja supranacional e concluiu seu discurso dizendo que “o MERCOSUL será o que construímos entre todos os países o não será nada”.
Em defesa da Argentina e Brasil
O parlamentar brasileiro George Hilton, na mesma Sessão Plenária, disse que o que está acontecendo entre Brasil e Argentina não é um ato isolado e bilateral, mas uma decisão tomada no bloco na qual Uruguai e Paraguai preferiram, em tal momento, ficar de fora.
De acordo com o parlamentar brasileiro antes de sair a decisão 25/07 do Conselho do Mercado Comum sobre os diálogos pelas moedas entre Brasil e Argentina foi realizada una reunião, em 2007, com os quatro países membros. A proposta apresentada era que essa decisão fosse unânime dos quatro Estados Partes que compõe o MERCOSUL. “Na oportunidade dessa decisão, Paraguai e Uruguai não quiseram ratificá-la e ficaram fora dizendo que não tinham interesses em que se efetivasse este processo de negociação das transações comerciais entre os Estados membros do MERCOSUL”, recordou Hilton.
Foto: El Corresponsal