Entrevista à Parlamentaria argentina Elida Vigo, sobre a comemoração do Dia Internacional da Mulher, neste próximo 8 de março.
Importância do Dia Internacional da Mulher
O Dia Internacional da Mulher que se celebra 8 de março por decisão das Nações Unidas tem uma importância vital por quanto se institucionalizou uma situação que antes a 1975 não era reconhecida. Depois de 34 anos, ninguém pode deixar de reconhecer que por ser mulher se sofre discriminação, como também são visíveis as transformações obtidas no plano trabalhista, como cultural, educativo, político e social. Por conseguinte, o 8 de março, como Dia Internacional da Mulher, é uma oportunidade para realizar um balanço sobre o alcançado e uma proposta acerca do que nos falta alcançar ainda. Claro que esta situação de discriminação não é igual nas mulheres pertencentes a sociedades do “mundo desenvolvimento”, que as integram a massa multitudinária dos países pobres e em vias de desenvolvimento com economias dependentes dos grandes centros internacionais.
O que logrou o Parlamento do MERCOSUL neste âmbito?
Elida Vigo - O Parlamento do MERCOSUL, como tal, vem institucionalizando-se a partir de maio de 2007. Ainda não tem sido reconhecida como membro pleno da Republica Bolivariana da Venezuela, ou seja, que o objetivo da integração regional da América Latina é uma tarefa estratégica que tem muitas dificuldades que superar. Com respeito ao tema pontual da participação de mulheres parlamentares, Argentina, Paraguai e Venezuela facilitaram maior número de bancas. É uma tarefa pendente a de garantir uma cota parte obrigatória de parlamentares mulheres porque isso somará uma visão diferente dos problemas, necessidades e interesses das famílias da região propostas desde uma organização supranacional como é o Parlamento do MERCOSUL.
Quais medidas devem tomar o Parlamento do MERCOSUL em prol de políticas de igualdade de gênero, violência domestica e a não discriminação?
Elida Vigo - Está pendente a conformação de uma comissão permanente que se ocupe da situação da mulher na região onde, por exemplo, é um dado objetivo, a feminizaçao da pobreza, a reprodução de famílias na marginalidade, o tráfico de pessoas e as dificuldades para encontrar um trabalho e aos serviços básicos da modernidade como são a educação, a saúde, a água e a moradia digna.
Em relação ao funcionamento do Parlamento do MERCOSUL, se apresentaram diversas iniciativas, promovidas fundamentalmente por mulheres parlamentares, que, todavia nao foram debatidas e outras como, a que se institua o dia 25 de novembro como dia da Não Violência contra a Mulher na região, que foi uma proposta da delegação argentina, aprovada pelo Plenário e enviada ao Conselho do Mercado Comum para sua imediata regulamentação.
Como reflexão, devemos ressaltar que depois de quase dois séculos de desintegração dos povos latino-americanos, a tarefa de gerar uma cultura integracionista, que nos permita reconhecer-nos nessa origem comum, sempre é muito mais difícil porque tocam grandes interesses que nos empobreceram econômica e socialmente ao não saber apreciar que o futuro de nossos povos, de um desenvolvimento sustentável, com dignidade e felicidade familiar, se baseia justamente, em nos unir e recuperar como próprios os recursos naturais e as capacidades humanas de norte a sul, de leste a oeste da América Latina. Nesta tarefa, a mulher é o elo fundamental por ser ela a chefe de família de cada lar latino-americano.
Colaboração: Julieta Borgatello, Assessoria de imprensa do gabinete da Parlamentaria Elida Vigo